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Fascinante, divertido, com passagens hilárias, o livro de Scott Stossel é muito mais que uma grande pesquisa sobre o problema da ansiedade. É um ensaio profundo, que rapidamente se tornou um best-seller, no qual o autor expõe de forma corajosa sua própria luta contra este transtorno. No entanto, não se trata de uma obra puramente testimonial. Junto com sua história, Stossel fala de genética, neurologia, filosofia e psiquiatria para terminar respondendo a quase todas as questões sobre o mal tão temido dos nossos tempos.
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Seitenzahl: 39
Veröffentlichungsjahr: 2018
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Scott Stossel começa o primeiro capítulo de seu livro relatando as sensações, tanto fisiológicas quanto emocionais, das quais foi vítima no dia de seu casamento. Tonturas, sudorese, tensão, tremores nas pernas e braços são alguns dos desconfortos que o autor menciona para contar o que aconteceu com ele nessa data. Além disso, ele expressa a contradição que significa se sentir à beira do colapso em um dos momentos mais felizes da vida.
O casamento, no entanto, não foi a primeira nem a última ocasião em que ele sofreu uma crise semelhante. Em sua lista de sofrimentos, que vão desde a crise nervosa até o sentimento de angústia existencial, inclui a ocasião em que nasceu seu primeiro filho, uma entrevista de emprego, viagens de avião e até momentos comuns, como falar ao telefone ou jogar tênis. Além disso, Scott Stossel afirma que sofre “uma série de fobias ou medos concretos. Para citar apenas alguns: espaços fechados (claustrofobia), altura (acrofobia), desmaio (astenofobia), ficar preso longe de casa (uma variante da agorafobia), germes (bacilofobia), queijo (turofobia), falar em público (um tipo de fobia social), voar (aerofobia), vomitar (emetofobia) e, naturalmente, vomitar em um avião (aeronausifobia)”1.
Depois de relatar sobre suas diversas fobias, medos e neuroses (que sofre desde os dois anos de idade), e depois de confessar que desde os dez vem tentando superar sua ansiedade por meio de vários métodos, como terapias, livros de autoajuda, psicofármacos e até várias bebidas alcoólicas, o autor conclui que “nenhum desses tratamentos reduziu a ansiedade subjacente que parece gravada na minha alma e conectada ao meu corpo, e que, às vezes, transforma minha vida em um doloroso sofrimento”2.
Stossel coloca seus sofrimentos pessoais relacionados à ansiedade no contexto da civilização ocidental contemporânea. “Como foi dito muitas vezes desde o início da era atômica, vivemos em uma época de ansiedade, e ela, mesmo que seja um clichê, parece ter se tornado ainda mais certa nos últimos anos, quando os Estados Unidos foram atacados em uma rápida sequência de terrorismo, desastre econômico e transformação social generalizada”3.
Segundo Stossel, vivemos em uma época caracterizada por ansiedade e estresse crônico. Uma época em que, apesar dos avanços na pesquisa sobre o assunto, ainda há divergências sobre quais são os tratamentos mais recomendados. “Os psicólogos e psiquiatras que consultei me dizem que os medicamentos são um tratamento para minha ansiedade; os terapeutas cognitivo comportamentais com quem às vezes falo me dizem que os medicamentos são em parte a causa do problema”4.
O autor dedica os seguintes parágrafos do capítulo ao conflito entre esses dois tipos de abordagem à ansiedade: o da psicologia cognitiva comportamental, cujos filósofos pioneiros foram Spinoza, Epicteto e Platão, e o da psicofarmacologia, com as antigas vozes médicas de Hipócrates e Aristóteles que estabelecem suas bases. Depois de uma breve genealogia das duas correntes, Stossel ressalta que “a verdade é que a ansiedade depende ao mesmo tempo da biologia e da filosofia, do corpo e da mente, do instinto e da razão, da personalidade e da cultura. Mesmo quando a ansiedade é experimentada em um nível espiritual e psicológico, é mensurável no nível molecular e fisiológico. É um produto da natureza e da educação. É um fenômeno psicológico e sociológico”5.
Por outro lado, Stossel observa, seguindo Darwin, que uma dose justificada de ansiedade é adequada para a sobrevivência. “Um influente estudo realizado há cem anos por dois psicólogos de Harvard, Robert M. Yerkes e John Dillingham Dodson, demonstrou que os níveis moderados de ansiedade melhoram o desempenho em humanos e animais. Muita ansiedade, obviamente, prejudica o desempenho, mas pouca ansiedade também”6.
“The Enigma of Anxiety” (O enigma da ansiedade), título da primeira parte do livro de Stossel, resume, de certo modo, o espírito exploratório para a compreensão de uma patologia que muitas vezes é difusa e difícil de apreender. Às investigações sobre esse conceito na história, literatura, filosofia, cultura popular e pesquisa científica, Stossel agregará sua própria experiência como paciente. Essa experiência, e o encorajamento de seu terapeuta, Dr. W., foi o que o levou a escrever seu livro, com o objetivo de aliviar seu sofrimento ou encontrar, de alguma maneira, uma forma de redenção. De fato, o autor descobriu que, longe de aumentar sua sensação de vergonha, o ato de reconhecer um aspecto altamente pessoal na história fez com que atingisse um público empático, diversas vítimas dos mesmos sofrimentos.
Embora Stossel afirme que a tarefa não é fácil (entre suas descobertas está a brutal realidade biológica da ansiedade: somos, definitivamente, prisioneiros de nosso corpo), a jornada trilhada levou-o a ideias reveladoras que há muitos anos Kierkegaard e Freud já haviam expressado. Esses autores chegaram à conclusão de que “as ameaças que geram mais ansiedade não estão no mundo ao nosso redor, mas em nosso interior, na nossa incerteza sobre as escolhas vitais que fazemos e em nosso medo da morte. Enfrentar esse medo e arriscar a dissolução da própria identidade expande a alma e supõe a realização do ser”7.
No entanto, Stossel aventura-se no desafio de escrever este livro como parte de seus esforços para aprender a enfrentar esse medo. Ou seja, “aprender a viver a ansiedade da forma devida”8.